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Nossas próximas filmagens serão na comunidade indígena Tekoa Nhundy (Estiva). Em 1999 esta aldeia passou a ser formada por quatro famílias. São 7 hectares de terra, anteriormente se sua maioria era eucalipto, atualmente o pequeno trecho de mata que existe na aldeia foi plantada pelos Mbya Guarani. Nesta comunidade situada próxima a RS-040, é possível adquirir artesanatos que ficam expostos em uma banca próxima da via. A Estiva é bastante conhecida por ser a comunidade na qual foi construída a primeira escola indígena “Karai Nhe’e Katu”, para os Guarani no Rio Grande do Sul.

 

A população que ocupa uma Tekoa é muito variada devido a movimentação e visitação constante, uma das característica que forma os pressupostos de um ethos caminhante (Pissolato, 2007) entre os Mbya Guarani, o jeguatá. Porém, neste momento em que dialogamos com a comunidade é possível registrar que havia cerca de 134 famílias, com mais ou menos 90 kiringue (crianças) e, mais ou menos 200 pessoas. A paisagem é marcada por um lindo pôr-do-sol e pela forte presença feminina. Aqui moram Talcira, Alzira,Genira, Cláudia, e suas filhas e netas. São as filhas de Dona Laurinda Kerexu, uma importante kunha karai, que muitas vezes vai passar uns dias com as filhas, e realiza os nhemonguetás. 

Sentimos uma aproximação significativa e, mais intima com a figura de Dona Talcira (Ywa), através de sua disponibilidade para a conversação e o gosto por conversar sobre o pensamento Guarani. Com ela a quando falamos sobre o futuro das crianças Guarani esta disse ser uma questão do futuro da vida. Dona Talcira é uma kunha karai miri e parteira, também faz lindos colares, como sua irmã Genira (Pará). Genira contou sobre a cosmovisão Guarani sobre a origem da alma, ou  do anjo de cada pessoa, explicando a co-relação entre estas regiões celestes e as divindades com o qual cada nome é ligado, como uma forma de expressar Nhanderu.

Durante algumas noites no verão, Dona Talcira também destacou a importância dos sonhos (oexarau) e dos nhemonguetás para as kiringue, dizendo que o efeito da presença de uma kiringue é o da proteção.Esses aprendizados entre mulheres deu uma nota especial a estadia prévia nesta aldeia, bem como as experiências lúdicas através do desenho e da pintura com as kiringue durante as tardes. Onde a percepção atenta e diferente de cada criança diante da expressão colorida no papel destacou, dentro outros elementos as imagens solares, floridas e o petyngua. Essa chave também se deu através das relações com uma professora Mbya Guarani, Ivanilde,  (Kerexu), a (Thika) e estudante de pedagogia da UFRGS, de suas sugestões construímos um destaque para as narrativas orais ouvidas pelas kiringue e quais delas, estas mesmas contam.

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