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A Tekoa Pindó Mirim (Itapuã) é a primeira Terra Indígena a qual visitamos, a primeira a saltar em nossa memória revelando pontos de vistas até então desconhecidos. O nome desta comunidade indígena é Palmeira pequena, uma árvore que em sua inteireza é aproveitada sabiamente pelos Mbya Guarani. Localizada bem próxima ao Parque Estadual de Itapuã, possui 27 hectares, em fase de ampliação, com cerca de 100 familias e cerca de 60 crianças. Dona Laurinda (Karexu) e Seu Turibio (Karai) são os seus fundadores, quem plantaram muitas das Pindós da aldeia, no lugar dos eucaliptos que até a pouco tempo atrás eram predominantes ainda.

 

Dona Laurinda nos conta que no passado, quando sua familia decidiu sair da aldeia da Guarita em Tenente Portela, passaram muitas dificuldades e miséria. A folha da Palmeira serviu como cama, muitas vezes. Além da Palmeira, Dona Laurinda nos contou sobre a importância do plantio de alimentos tradicionais Mbya Guarani como o milho, e o modo de preparo posterior para a realização do nhemongarai, cerimônia de revelação do nome Mbya Guarani.

Fizemos uma imersão no mês de junho onde captamos uma série de acontecimentos com as pessoas da Tekoa. Mês de junho é frio, quem apareceu destacado como ensinador foi o Tata (fogo), na beira do fogo ouvimos histórias, nos reunimos com a gente da aldeia que compartilhou mais de perto nosso processo de criação. Aprendemos algumas palavras, gravamos cenas elaboradas junto com os novos integrantes de nosso trabalho: Andréia Dinarte e Vherá Neymar.

Em síntese, esta imersão foi efetuada em duas longas sequências. Na primeira, uma afinação do nosso encontro com a organização comunitária autônoma e singular desta aldeia. Conversamos sobre o projeto de filmar, realizamos oficinas de audiovisual e saidas para captar a paisagem da aldeia com a parceiria desta nova configuração de equipe. Também já estava presente o Gerson Gomez, operador de camêra do nosso filme e integrante do Coletivo de Comunicação Kuery. Aos instantes de filmagem em conjunto uma dinâmica orgânica de filmagem começou a ser desenvolvida, algumas cenas eram vivênciadas e co-criadas em frente as lentes de forma experimental.

Andamos na mata, e se “saber filmar é saber andar na mata” (Seu Alcindo, karai), então filmamos muito, com resistência! O conhecimento Guarani é trasmitido pela boa palavra, a palavra da Sábia e Sábio que aconselham, mas também corporalmente. Um saber andar na mata é o que os gestos de Paulo, (Karai), passou para as impressões inicias do documentário. Um avanço no verde, que tinha olho para reconhecer a medicina de cada planta e erva, a medicina da Guiné. Junto com a gurizada que nos acompanhou, fizemos cenas sobre como uma kiringue aprende esse saber da mata, esse reconhecimento mútuo e respeitoso, entre pessoas, plantas e animais.

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